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VIAGEMCRÔNICA

a gente nunca para de viajar

o melhor lugar do mundo é
aqui e agora

Gilberto Gil

peru - costas vale sagrado.jpg

Crônicas sobre uma viagem que só termina no último suspiro.

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Reveillóns





Perambular pelas ruas de uma cidade estrangeira tentando encontrar lugares onde fizeram algumas cenas de seus filmes favoritos não é uma experiência que todo companheiro de viagem deseja fazer. Foi assim que decidimos que naquela manhã cada um sairia sozinho por Paris para fazer o que quisesse. Encontrar suas vontade e reencontrar seu companheiro depois para dizer tudo o que viu é como acordar com um beijo e ter vontade de contar seus sonhos.


Quartier Latin! Uma manhã cinzenta não parecia ser exatamente o que faria o bairro desabrochar. Tudo muito silencioso, parado e com uma brisa fria mantendo todos os universitários longe do mundo exterior. Cafés e bares fechados, vazios. Definitivamente não estou em maio de 68 por aqui. Mas vejo algumas adolescentes indo para o liceu; uma boulangerie ou outra nitidamente quente por dentro, servindo café e calor; um senhor e um rapaz conversando do lado de fora de um bar, encostados na grande lixeira depois de se darem conta de que a conversa não poderia continuar enquanto eles recolhiam o lixo, a atenção teria que ser plena. E cinema, ainda havia cinema!


Os degraus de uma igreja de Woody Allen estavam ali ainda. Cruzar as arcadas do teatro de Louis Malle ainda era possível. O panteão do Leos Carax existe - com menos saturação, é verdade. O Jardin de Luxemburg estava lá da mesma forma que parecia ter sempre estado desde que o mundo é mundo e assim pretende continuar. Mas o que terá sido filmado no jardim? Bem, não sei. Mas mantenho a sensação efusiva que só quando inesperadamente encontramos o que esperávamos pode causar.


E foi no caminho que me levaria do Jardin de Luxemburg ao Pantheon onde descobri outro caminho que me atraía muito mais. Uma ruazinha que me levaria para um maio de 68 vivido e sonhado por jovens apaixonados por cinema e por si mesmos, ao som de Françoise Hardy e The Doors. Tudo isso resumido numa fachada de hotel.



Subi a rua com o sorriso de quem encontrou o que não procurava, mas queria. Na Rue Malebranche, a fachada vermelho-tinto bastante horizontal do Hotel de Senlis foi o lar temporário de um americano loiro que estava sozinho de passagem por Paris completamente apaixonado pela cidade e pelo cinema. O Matthew de Os Sonhadores habitou um daqueles quartos. Ali onde entre uma masturbação e outra escrevia cartas mentirosas para os pais, era onde voltava em êxtase tentando assimilar tudo o que via e sentia com seus novos amigos parisienses, era onde ele se deitava e pensava na Isabelle.


Lembrar do Matthew feliz da vida naquela rua me fez ficar sorrindo também. É a felicidade de estar em uma terra estrangeira e se sentir familiarizado com ela e consigo, mantendo ainda a surpresa de ser um estranho. Como o próprio norte americano do filme dizia enquanto olhava seu isqueiro e o xadrez da toalha de mesa, as coisas estão conectadas, se complementam.


E como complemento indispensável da Paris de Os Sonhadores, claro!, começou a chover.





 

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